História do Movimento Sindical: por que contamos?
A realidade posterior ao golpe político-jurídico-midiático que sofremos em 2016, se não estudássemos a História do Movimento Sindical, poderia ser encarada como irreversível.
Deposta a presidenta regularmente eleita por um golpe de Estado, vivemos agora em Estado de exceção.
O trabalhador de maior expressão na história do país encontra-se preso.
O arcabouço fascista que garantiu, desde o sucateamento da maior estatal petrolífera do mundo, até a prisão do ex-presidente indicado para o Prêmio Nobel da Paz conseguiu ganhar corações e mentes até de parte da classe trabalhadora.
E agora?
Como fazer com que o entusiasmo vença a desesperança?
Como fazer com que a militância de esquerda não desanime? Ou, mais ainda, como fazer com que trabalhadoras e trabalhadores que foram pessoalmente beneficiados pelas políticas públicas de inclusão nos anos de ascensão de governos de trabalhadores voltem a acreditar e a convencer demais desesperançados de que a luta de classes existe, sim? Como mostrar que o estado de exceção é real? Como convencer pessoas de que houve golpe, sim? De que as elites não permitem, nem nunca permitiram, que seus privilégios sejam sequer tocados?
A resposta para tantas questões não é simples, não é fácil, nem muito menos imediata.
Mas é possível.
A argumentação com maior chance de êxito deve ser baseada em fatos, em evidências concretas, reais, palpáveis.
O estudo da História do Movimento Sindical pode ser a melhor e a maior resposta para tantas indagações.
A luta não começou agora.
Muito pelo contrário.
No Brasil, desde a 1a. República, lá pelos idos de 1889, desde que escravizados recém-libertos e imigrantes europeus protagonizavam a luta de classes, já sofríamos combate ao sindicalismo livre, organizado.
E mesmo assim foi organizada a exitosa greve de 1917.
A horizontalidade possibilitava a conversa, a negociação entre as diversas categorias e ramos. Classe trabalhadora e não diversas categorias, assim era a organização proletária. Perseguição aos trabalhadores? Sim. Com sangue, suor e lágrimas.
E a luta continuava.
E continuou, mesmo quando, por decreto, o governo de Getúlio Vargas enquadrou o movimento sindical: verticalização, não politização, assistencialismo. Sindicatos atrelados ao Ministério do Trabalho: intervencionismo, cerceamento do direito de greve, controle financeiro.
Foi fácil? Não! Muito, muito difícil. Muito mais sangue, muito mais suor, muito mais lágrimas.
Passando com dificuldades pela república populista de Vargas, a verdadeira luta dos trabalhadores chegou à ditadura civil-militar.
Não podemos jamais esquecer quanto mais sangue, quanto mais suor, quanto mais lágrimas foram derramados.
Desistimos? Não!
Então, vamos desistir agora?
Sempre soubemos fazer limonadas dos mais azedos limões.
Contar a História do Movimento Sindical é uma das melhores ferramentas para vencer as dificuldades dos dias atuais.
Para os que chegaram agora, mostraremos que já passamos por dificuldades maiores.
Para os mais experientes, relembraremos as agruras e felicidades passadas.
A elite de agora não é diferente daquela que chicoteava as negras e negros já recém-libertos.
Contemos a História do Movimento Sindical, agora, porque tantas lutas e conquistas passadas servirão como instrumento de convencimento, de mobilização, de luta.
E então, vamos à luta?
Vamos contar e recontar essa história aos quatro ventos?
Vamos à luta, companheiras e companheiros?
Teresa Cristina Mata Pujals
Secretária de Formação Sindical do Sindicato dos Bancários de Brasília