Muita explicação e nenhuma justificativa. Assim tem sido a resposta do governo e do Banco do Brasil para a nomeação de Antonio Hamilton Rossell Mourão, filho do vice-presidente da República, Hamilton Mourão, ao cargo de assessor especial da presidência do Banco do Brasil. A diretoria se esforça para alegar que não há ilegalidade no ato, que o estatuto do BB não foi descumprido e que, nesse caso, não houve nepotismo. Porém, ainda que assim fosse, nem tudo que é legal é moral, e nem tudo que goza de anuência é ético.
Para quem se diz no estatuto um defensor intransigente da ética organizacional, o banco escorregou feio, violando o princípio da impessoalidade para se render ao apadrinhamento.
No caso do governo e da equipe do presidente Bolsonaro, a contradição é ainda mais gritante, haja vista o discurso que propagam em defesa da meritocracia, pelo fim da “mamata” e contra o aparelhamento das empresas públicas.
Blindar o ato nepótico da presidência, seja aceitando argumentos normativos ou silenciando para não polemizar, não parece ser a atitude adequada. O fato necessita de questionamento, denúncia, com intensa cobrança de providências ao BB.
Enquanto o presidente do banco nomeia de forma inusual o filho do vice-presidente da República, numa ascensão que não foi progressiva, centenas de funcionários do banco amargam descomissionamentos e redução de salários, bastando para isso uma nota baixa vinda do seu superior hierárquico. O instrumento de avaliação GDP (Gestão de Desenvolvimento por Competências) tem sido usado para prejudicar os trabalhadores(as), de maneira que até funcionários(as) recém-premiados(as) estão sendo descomissionados(as).
A nomeação de Mourão para a assessoria da presidência só aumentou a indignação dos funcionários(as). Muitas foram as críticas nas redes sociais e na agência de notícias do banco. Alguns comentários, que a direção não gostou, foram apagados arbitrariamente.
Contradizendo as explicações da presidência sobre a nomeação do filho do general , vale lembrar que as promoções no BB são feitas a partir de seleções internas. É preciso candidatar-se aos cargos para ser promovido, o que não aconteceu no caso de Mourão.
O sentimento de indignação com a referida nomeação também é da sociedade, de onde se originou uma ação popular que busca anular o ato administrativo. É certo que a magistrada responsável pelo caso, do Distrito Federal, negou a nulidade em caráter liminar (de imediato), mas deu seguimento ao processo para o julgamento do mérito. Vamos aguardar que a justiça faça justiça.